Walter dos Reis Saffier fundou a primeira escola bilíngue do município
“Por mares nunca dantes navegados”. O terceiro verso da obra “Os Lusíadas”, de Luís de Camões – poema épico que narra as grandes navegações portuguesas – pode ser usado para representar a trajetória do empresário e mantenedor de escola Walter dos Reis Saffier, 54 anos. Sua paixão pela educação, que surgiu aos 20 anos de idade, concretizou-se anos depois na construção de um modelo de escola pioneiro no município de Cariacica.
Natural de Campos dos Goytacazes (RJ), ele veio para o Estado aos 18 anos para trabalhar como repórter de TV. Chegou a receber prêmio na década de 1980, como melhor repórter esportivo do Estado. Ele conta que viveu grandes momentos e teve a oportunidade de entrevistar personalidades, como o político e presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães; o artista plástico Burle Marx; e o ecologista Augusto Ruschi.
Mas foi durante uma viagem de carro entre Colatina e Vitória, ao lado do então senador João Calmon – autor da emenda que estabeleceu a obrigatoriedade de aplicação de um percentual da receita da União, estados e municípios na educação –, que ele tomou uma importante decisão.
“Tivemos uma longa conversa, durante a viagem, e me apaixonei pela área da educação. Afirmei naquela data que um dia eu teria uma escola e colocaria o nome dele. Infelizmente, quando ele faleceu, montei o colégio, mas a família não autorizou o uso do nome. Coloquei ‘Lusíadas’, que é a obra de Luís de Camões”, lembrou Walter.
Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em 1995, ele foi chamado para dirigir o Colégio JB, no Centro de Vitória, um ano antes de se formar. “Eram 196 alunos, passou para 730 e chegou a 800, no final de um ano. O colégio mudou para a Avenida Vitória, onde se tornou o Luís de Camões. Saí da direção e, em 1999, voltei como sócio. Chegamos a ter também uma unidade em Vila Velha, mas acabamos encerrando a sociedade”, contou.
Foi aí que Walter decidiu abrir seu próprio colégio, em Cariacica. A primeira unidade do Colégio Lusíadas foi aberta no bairro São Francisco, em 2001. Em 2005, a escola foi transferida para Campo Grande, onde está até hoje. “Quando vim para Cariacica, tinha um projeto no coração e razão na cabeça. Era desafiador fundar aqui a escola que eu acreditava. Que os pais buscavam para os filhos em Vitória. Disseram que não era possível, pois a renda per capita do município era menor, mas vi que era possível, sim, oferecer uma escola de qualidade com mensalidades acessíveis”, lembrou.
“Hoje, temos uma instituição que é respeitada e bem-vista pela sociedade. Tanto que, no prêmio Marcas de Valor 2018, fomos o primeiro colégio privado no segmento de cursos técnicos. Também somos a primeira do município a ser bilíngue. São muitas conquistas”, afirmou.
A instituição de ensino, que começou com o curso livre de Análises Clínicas, cresceu. Em 2017, foi inaugurada a segunda unidade, em Jardim América. “Foi um marco! Em 2018, chegamos a 450 alunos de pré-vestibular, com 142 aprovações pelo Enem em federais, sendo 16 primeiros lugares, incluindo o primeiro de Odontologia na Ufes”, lembrou.
Planos para o futuro
Atualmente, o Colégio Lusíadas tem um total de 3 mil alunos, distribuídos entre ensino fundamental e médio, pré-Ifes, pré-vestibular e 20 cursos técnicos, nas áreas de Enfermagem, Mecânica, Análises Clínicas, Estética, Administração, Logística, Eletrotécnica, Refrigeração e Climatização, Segurança do Trabalho, Contabilidade, Edificações, Enfermagem do Trabalho, Instrumentação Cirúrgica, Cuidador de Idosos, Socorrista, UTI, Qualificação em RH e Departamento Pessoal, Home Care e Gestão da Qualidade na área da Saúde.
A próxima meta do mantenedor é investir no ensino infantil, também de forma diferenciada. “Temos o projeto ‘Aquários’, que prevê a instalação de dez unidades de educação infantil em Cariacica e Viana. A ideia é levarmos uma escola de qualidade para perto das crianças de 0 a 5 anos. Serão unidades com, no máximo 150 crianças, com o mesmo padrão e com um custo-benefício interessante para os pais. Minha meta é que esse projeto seja implementado em dois anos”, adiantou.
Educação para mudar a sociedade
Walter Saffier, ou tio Walter, como é chamado pelos alunos, afirma que acredita na força da educação para mudar a sociedade. “Acredito em três coisas na vida: em Deus, na família e na educação. Nesse tripé, creio que qualquer sociedade evolui. Quem investe no conhecimento tem um retorno infinito. Tem o privilégio de poder escolher o que fazer na vida. Na escola, nos preocupamos em formar um cidadão pleno. Contribuímos para estabelecer pontos que favoreçam o desenvolvimento dessas crianças”, ressaltou ele, que tem um filho de 26 anos que é médico.
Com uma jornada de 10 horas de trabalho diárias, cinco dias por semana, o mantenedor do Colégio Lusíadas afirma que o cansaço não existe, já que trabalha com prazer. Mas, nas horas vagas, ele se dedica à outra paixão: a pesca em alto-mar. “É muito relaxante, praticamente um encontro com Deus, ver a natureza em seu esplendor”, conta.
Além disso, gosta de cozinhar, inventar receitas e receber os amigos. Entre os sonhos no campo pessoal, ele conta que pensa em viajar o mundo. “Tive poucas possibilidades de viajar. Gostaria de conhecer de 30 a 50 países nos próximos anos”, planeja.
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